4 junho, 2020 / by Amide / Eventos, Missiologia, Notícias
O início do século XX representou uma guinada nos estudos sobre a linguagem. A publicação do livro Curso de Linguística Geral, do suíço Ferdinand de Saussure, rompeu com o método histórico-comparativo, em voga na Europa, para apresentar um objeto de estudo específico: a língua. A Linguística firmava-se, então, como uma disciplina acadêmica. A partir desse momento, inúmeros avanços foram visíveis nos estudos linguísticos em todo o mundo. A primeira linha, o Estruturalismo, logo foi complementada pelo Funcionalismo e pelo Gerativismo. As várias correntes, por sua vez, receberam fortes influências dos estudos antropológicos e sociológicos que eclodiam durante o período das duas Grandes Guerras Mundiais. A língua, admitida como um sistema que existe abstratamente em uma comunidade de falantes, passou a ser estudada também a partir de seu uso e interações sociais. Uma gama de novas abordagens como a Pragmática, a Sociolinguística e a Análise do Discurso passou a integrar o interesse dos linguistas. Afinal, as línguas são sistemas dinâmicos que, apesar de abstratos, concretizam-se em situações reais de uso. Tais situações são influenciadas e determinadas pelas situações sociais que, por sua vez, também são dinâmicas. A inter-relação entre língua e sociedade tornou-se um vasto campo de pesquisa para linguistas do mundo todo. Algumas perguntas que têm sido feitas: a. Como se comportam falantes de sociedades urbanas? E os que moram em áreas rurais e isoladas, possuem as mesmas tendências? As variedades linguísticas usadas por grandes centros urbanos podem influenciar e mudar comunidades do entorno? Até que ponto? b. As regras de convivência social de uma determinada comunidade possuem relação com as escolhas linguísticas de seus membros? De que modo isso ocorre? c. Qual o impacto dos discursos proferidos pelas mídias televisivas e sociais sobre seus espectadores/usuários? d. Qual o papel pedagógico das histórias e lendas passadas de geração em geração nas mais diversas comunidades? Como essas histórias são construídas? e. Que atitudes linguísticas de um professor ajudam ou atrapalham o ensino escolar? Como o professor pode lidar com uma classe formada por alunos com línguas maternas diferentes? Todas essas perguntas derivam de situações reais, em comunidades cada vez mais interativas e globalizadas. Elas demonstram apenas uma ínfima parte das numerosas linhas de pesquisa linguística. Como se vê, a Linguística não é uma ciência que trabalha de modo isolado; pelo contrário, relaciona-se com a Pedagogia, a Sociologia, a Antropologia, a Neurologia, a Psicologia e muitas outras. Além disso, as descobertas da Linguística têm contribuído significativamente para a criação de Linguagem artificial, de programas computacionais que permitem a tradução instantânea e tantas outras tecnologias que demandam conhecimento de regras gramaticais de alta complexidade. Tais regras de alta complexidade, que ora encontramos em programas e aplicativos, já nos foram concedidas gratuitamente e estão depositadas em nossos cérebros. São elas que nos permitem aprender de forma natural e espontânea os idiomas que falamos, com todas as peculiaridades culturais que elas carregam. Essa habilidade extraordinária é encontrada única e exclusivamente nos seres humanos. Apesar de todas as pesquisas empreendidas para encontrar nos animais sistemas de comunicação – como nas abelhas e golfinhos – nada se compara com a capacidade humana. A partir da linguagem, podemos falar sobre qualquer assunto do presente e do passado, de coisas reais e abstratas, de coisas existentes ou inexistentes, podemos interagir com pessoas que nunca vimos antes e entender o que elas dizem, seja em forma presencial ou virtual. Conseguimos criar diálogos instantâneos e – até mesmo! – falar conosco mesmos, sem pronunciar palavra alguma! Isso tudo é simplesmente fantástico e divino! É isso o que nos torna tão especiais! Somos seres agraciados com a capacidade linguística. Somos seres relacionáveis, feitos à imagem e semelhança de Deus! Só esse fato já nos deveria instigar à pesquisa linguística. Mas, como somos seres criativos e intelectualmente ativos por natureza, não apenas possuímos a habilidade de falar e nos comunicar, mas também de pesquisar e formar teorias sobre aquilo que falamos e sobre a maneira como nos comunicamos. Para quê? Para entender como a linguagem funciona, como cada língua funciona, para descrever as línguas ainda não estudadas, para perceber como nosso cérebro determina as regras gramaticais, para verificar onde estamos falhando em nossas interações verbais e comunicativas e, por fim, para melhorar esse processo. Como cristãos, que possuem a consciência de que tudo isso é uma dádiva de Deus, não investir nossas habilidades e esforços na pesquisa linguística é uma omissão. Queremos e devemos ser missionários. Mas não o podemos ser sem a habilidade linguística! Geruza de Souza Graebin Ceam – Amide
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Matrículas abertas para o segundo semestre do Ceam
29 junho, 2020 / by Amide / Eventos, Missiologia, Notícias, Sem categoria
O real significado do IDE só será efetivo na vida de quem se propor a dar continuidade ao seu chamado. Você quer ser usado por Deus para mudar o destino de nações, de povos, de famílias que ainda não conhecem a salvação por meio de Cristo Jesus? Um dos primeiros passos da vida missionária é o preparo! A Amide está com o processo seletivo aberto para vocacionados que querem fazer seminário. Será um prazer ter você como aluno de Centro de Estudos Avançados em Missões e estar ao seu lado nesse caminho! Se quiser conversar sobre esta oportunidade, confira as informações abaixo: Matrículas Abertas de 25/06 a 25/07. Mande um direct para o Instagram da Amide, um email para ceam@amide.org.br ou entre em contato via WhatsApp: (61) 99322-3640. O início do semestre será em 03 de agosto de 2020, com aulas remotas até 30 de setembro de 2020 e previsão de aulas presenciais a partir de 01 de outubro de 2020. Aguardamos o seu contato.
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Por que devo eu, um missionário e cristão, estudar Linguística?
4 junho, 2020 / by Amide / Eventos, Missiologia, Notícias
O início do século XX representou uma guinada nos estudos sobre a linguagem. A publicação do livro Curso de Linguística Geral, do suíço Ferdinand de Saussure, rompeu com o método histórico-comparativo, em voga na Europa, para apresentar um objeto de estudo específico: a língua. A Linguística firmava-se, então, como uma disciplina acadêmica. A partir desse momento, inúmeros avanços foram visíveis nos estudos linguísticos em todo o mundo. A primeira linha, o Estruturalismo, logo foi complementada pelo Funcionalismo e pelo Gerativismo. As várias correntes, por sua vez, receberam fortes influências dos estudos antropológicos e sociológicos que eclodiam durante o período das duas Grandes Guerras Mundiais. A língua, admitida como um sistema que existe abstratamente em uma comunidade de falantes, passou a ser estudada também a partir de seu uso e interações sociais. Uma gama de novas abordagens como a Pragmática, a Sociolinguística e a Análise do Discurso passou a integrar o interesse dos linguistas. Afinal, as línguas são sistemas dinâmicos que, apesar de abstratos, concretizam-se em situações reais de uso. Tais situações são influenciadas e determinadas pelas situações sociais que, por sua vez, também são dinâmicas. A inter-relação entre língua e sociedade tornou-se um vasto campo de pesquisa para linguistas do mundo todo. Algumas perguntas que têm sido feitas: a. Como se comportam falantes de sociedades urbanas? E os que moram em áreas rurais e isoladas, possuem as mesmas tendências? As variedades linguísticas usadas por grandes centros urbanos podem influenciar e mudar comunidades do entorno? Até que ponto? b. As regras de convivência social de uma determinada comunidade possuem relação com as escolhas linguísticas de seus membros? De que modo isso ocorre? c. Qual o impacto dos discursos proferidos pelas mídias televisivas e sociais sobre seus espectadores/usuários? d. Qual o papel pedagógico das histórias e lendas passadas de geração em geração nas mais diversas comunidades? Como essas histórias são construídas? e. Que atitudes linguísticas de um professor ajudam ou atrapalham o ensino escolar? Como o professor pode lidar com uma classe formada por alunos com línguas maternas diferentes? Todas essas perguntas derivam de situações reais, em comunidades cada vez mais interativas e globalizadas. Elas demonstram apenas uma ínfima parte das numerosas linhas de pesquisa linguística. Como se vê, a Linguística não é uma ciência que trabalha de modo isolado; pelo contrário, relaciona-se com a Pedagogia, a Sociologia, a Antropologia, a Neurologia, a Psicologia e muitas outras. Além disso, as descobertas da Linguística têm contribuído significativamente para a criação de Linguagem artificial, de programas computacionais que permitem a tradução instantânea e tantas outras tecnologias que demandam conhecimento de regras gramaticais de alta complexidade. Tais regras de alta complexidade, que ora encontramos em programas e aplicativos, já nos foram concedidas gratuitamente e estão depositadas em nossos cérebros. São elas que nos permitem aprender de forma natural e espontânea os idiomas que falamos, com todas as peculiaridades culturais que elas carregam. Essa habilidade extraordinária é encontrada única e exclusivamente nos seres humanos. Apesar de todas as pesquisas empreendidas para encontrar nos animais sistemas de comunicação – como nas abelhas e golfinhos – nada se compara com a capacidade humana. A partir da linguagem, podemos falar sobre qualquer assunto do presente e do passado, de coisas reais e abstratas, de coisas existentes ou inexistentes, podemos interagir com pessoas que nunca vimos antes e entender o que elas dizem, seja em forma presencial ou virtual. Conseguimos criar diálogos instantâneos e – até mesmo! – falar conosco mesmos, sem pronunciar palavra alguma! Isso tudo é simplesmente fantástico e divino! É isso o que nos torna tão especiais! Somos seres agraciados com a capacidade linguística. Somos seres relacionáveis, feitos à imagem e semelhança de Deus! Só esse fato já nos deveria instigar à pesquisa linguística. Mas, como somos seres criativos e intelectualmente ativos por natureza, não apenas possuímos a habilidade de falar e nos comunicar, mas também de pesquisar e formar teorias sobre aquilo que falamos e sobre a maneira como nos comunicamos. Para quê? Para entender como a linguagem funciona, como cada língua funciona, para descrever as línguas ainda não estudadas, para perceber como nosso cérebro determina as regras gramaticais, para verificar onde estamos falhando em nossas interações verbais e comunicativas e, por fim, para melhorar esse processo. Como cristãos, que possuem a consciência de que tudo isso é uma dádiva de Deus, não investir nossas habilidades e esforços na pesquisa linguística é uma omissão. Queremos e devemos ser missionários. Mas não o podemos ser sem a habilidade linguística! Geruza de Souza Graebin Ceam – Amide
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