E se missões acabasse?

por Hosana Seiffert

E se missões acabasse?

Que pergunta difícil! E você acredita que tem muita gente que se questiona a respeito disso? A dúvida, basicamente, é: o nosso mundo acabaria se missões findassem? Na verdade, eu creio que ele nem existiria! De fato, a obra missionária surgiu em Gênesis. No início de tudo já estava lá o plano de resgate e reaproximação do homem ao Criador. Lembra de Gênesis 3.15? Pois é, começa ali a Missio Dei, um jeito elegante de falar sobre a Missão de Deus.

E aí vem outra pergunta: afinal, o que é ou qual é a missão de Deus? De uma forma bem simples: se reconectar com o homem. E como Ele faz isso? Por meio de Jesus. O mais incrível, no entanto, é que Ele nos dá o privilégio de sermos colaboradores nessa missão. Somos os canais que anunciam as boas novas. Podemos ser agentes de justiça, restaurar vista aos cegos espirituais, saciar famintos, sarar contritos de coração, anunciar a vinda de Jesus. Essa é (ou deveria ser) a essência da existência do crente, como é a essência da missão de Deus.

Isso significaria o Deus todo poderoso nos entregando a nós mesmos. O Senhor do Universo virando as costas, abandonando-nos a nossa própria sorte.

Dá pra imaginar, agora, o nosso mundo sem a obra missionária? Quase impossível, né? Isso significaria o Deus todo poderoso nos entregando a nós mesmos. O Senhor do Universo virando as costas, abandonando-nos a nossa própria sorte. Pelo que o Evangelho afirma e nossa fé confirma, isso nunca vai acontecer porque a missão do Criador é o resgate da criatura.

Mas ok, vamos fazer um esforço de imaginação criativa e tentar conceber o nosso mundo sem missões. Precisei parar para pensar alguns minutos e creio que nem mesmo a riqueza de detalhes do Inferno de Dante, capaz de aterrorizar até os mais céticos, caberia na concepção de um mundo sem a Missio Dei.

Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis.

Recorro então ao texto bíblico, já que o poema do século XIV não conseguiu suprir minha busca imaginativa. Deparo-me com a assustadora descrição da impiendade dos últimos dias feita pelo apóstolo Paulo a Timóteo: “Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder.”

Fico pasma. Haveria descrição mais exata da sociedade moderna? Penso nos horrores do nosso século e estremeço ao lembrar que, por pior que seja, tudo isso ainda não é o mundo sem a missão de Deus. Afinal, apesar da impiedade o Espírito Santo ainda está aqui para convencer-nos do pecado, da justiça e do juízo.

A nós só nos cabe andar por ele para fazer missões.

Por fim, reconheço: imaginar o mundo sem missões está acima da minha vã filosofia. E me entrego ao que pode me dar esperança: há um Deus que nos ama, nos segura pela mão e nos mostra o caminho. A nós só nos cabe andar por ele para fazer missões.

Fonte: Artigo publicado originalmente em 26 de junho de 2018.

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